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RESUMOS - III JORNADA

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III JORNADA DA AMENA: TEMPORALIDADES E NARRATIVAS EM DISPUTA

 

QUARTA-FEIRA - NOITE

CONFERÊNCIA DE ABERTURA (21/06/2023)

18h30 

Moderador: Jhon Voese

Palestrante: Dr. Luiz Carlos Sereza

Título: Retratos aprisionados ou outras histórias do cárcere. A experiência "Marking time" e a produção de artistas encarcerados

Resumo: A exposição "Marking time: art in the age of mass incarceration" da curadora Nicole Fleetwood apresenta um olhar diferente a produção de artistas que foram de algum modo implicados nos processos de encarceramento. Trata-se de uma mostra resultante de um longo trabalho de pesquisa e da criação de uma rede de agentes que conseguiram, em muitos casos, transportar obras realizadas dentro de espaços prisionais à sociedade extramuros. Em grande parte dos casos expostos por Fleetwood estas obras tiverem de ser contrabandeadas para fora do espaço prisional e constituem em si contravenções ao sistema de encarceramento, seja ele imaginado no sentido individual ou no sentido coletivo, ao qual nomeamos de encarceramento em massa. Tais obras apresentam novos olhares e sentidos ao espaço prisional, às subjetividades de pessoas encarceradas,  ao atual estágio da cultura prisional, assim como às particularidades de nosso regime estético. Sendo assim, nesta fala apresento uma interpretação aos trabalhos de dois artistas da exposição, Jesse Krimes e Mark Loughney, que escolheram o retrato como processo e, partindo desta tradição de representação, construíram constelações de significados sobre imagem do corpo encarcerado na contemporaneidade e seus desdobramentos. .

QUINTA-FEIRA - TARDE E NOITE

MESA 1 – TEMPORALIDADES EM CONFLITO (22/06/2023)

14h - 16h

Moderadora: Caroline Langer

Integrante: Dra. Alice Freyesleben

Título: Frestas no tempo e as novas agentividades históricas no Antropoceno

​Resumo: O termo Antropoceno tem sido utilizado para descrever a atual conjuntura histórica, na qual forças antrópicas passaram atuar como uma das principais produtoras de mudanças no funcionamento do Sistema Terrestre. Tendo isso em vista, esta comunicação procurará discutir sobre como a emergência da noção de Antropoceno suscita transformações epistemológicas no conceito de agente histórico. Para tanto, a partir dos estudos de Ailton Krenak, Bruno Latour, Dispesh Chakrabarty, Zoltan Simon dentre outros, avaliará, no campo da ciência histórica, algumas implicações teóricas da percepção de que o planeta é dotado de uma historicidade própria e questionará as categorias modernas que ordenaram a produção de discursos científicos, filosóficos e históricos, as quais tem se mostrado incapazes de lidar com desafios políticos e ambientais contemporâneos.

Integrante: Drando. Murilo Prado Cleto

​Título: “Pare de acreditar nas mentiras do seu professor de história”: a crise do sistema de peritos na obra da Brasil Paralelo

​Resumo: “Crise do sistema de peritos” é como a antropóloga Letícia Cesarino define o enfraquecimento das ciências normais diante do processo de reorganização epistêmica impulsionado pelas infraestruturas técnicas contemporâneas, grandes formadoras de públicos refratados e antiestruturais. Nascida em 2016, a Brasil Paralelo constitui um desses principais novos atores no campo da história, com produções audiovisuais sobre passados mais ou menos recentes, como a ditadura militar ou a colonização. Sua base de inscritos e assinantes tem crescido com promessas de "desbancar o seu professor de história", entre outras estratégias discursivas similares de marketing. Com o objetivo de escrutinar as especificidades dessa empreitada, esta apresentação discute a relação entre plataformização e a emergência de mediadores alternativos do real no presente.

​Integrante: Mestranda Jacqueline Wahbeh

Título: Narrativas, memoriais e tensões políticas: como lidar com o passado repressivo? O caso do Memorial dos Direitos Humanos da União Africana (MDHUA)

​Resumo: A passagem do século XX para o XXI foi marcada por movimentações políticas que garantiram o fim de regimes autoritários, militares e ditaduras formadas nos países da África e América Latina. Nesse contexto, a criação de espaços públicos destinados a trabalhar e imortalizar a memória dos abusos cometidos pelos regimes anteriores receberam especial atenção. O documento brasileiro Fortalecimento da Memória, da Justiça e Dos Direitos Humanos no Brasil e no Hemisfério Sul, de 2015 elaborado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça em parceria com a Coalizão Internacional dos Sítios de Consciência aponta para algumas possibilidades analíticas sobre a importância das narrativas e ferramentas institucionais para se assegurar os direitos humanos e compromisso com a transformação política. Para essa apresentação, analisaremos esse documento refletindo sobre o processo de memorialização ao longo da criação do Memorial dos Direitos Humanos da União Africana (MDHUA).

MESA 2 – NARRATIVAS DE VIOLÊNCIAS (22/06/2023)

16h30 - 18h30

Moderadora: Aline Paternes

Integrante: Drando. Luan Rocha

Título: A Klan força-nos a autoproteção: a African Blood Brotherhood e as interpretações sobre a violência, o caso do Massacre de Tulsa (1921)

​Resumo: A African Blood Brotherhood (ABB) foi uma organização secreta, e radical, de libertação do povo negro, fundada em 1919 por imigrantes afro-caribenhos em conjunto com afro-estadunidenses, atuando no contexto dos Estados Unidos no início do século XX. Através de seu principal meio de difusão de ideias, o periódico The Crusader, essa sociedade trouxe para a discussão as complexidades das relações de poder do sistema estadunidense. O objetivo dessa comunicação é expor as análises produzidas em minha dissertação, delimitando a temática da violência. Para tal, busco apresentar a condição interpretativa de violência e autodefesa produzida pela ABB, focando suas relações com a Ku Klux Klan e a supremacia branca estadunidense no período da década de 1910 e 1920. Conjuntura essa em que tivemos conflitos raciais em evidência como o evento conhecido como “Verão Vermelho” e o “Massacre de Tulsa”.

​Integrante: Drando. Paulo Biscaia

Título: Os referenciais desapareceram: o filme “Príncipe do Fogo” de Silvio Da-Rin como registro do final da vida de Febrônio Índio do Brasil

​Resumo: Decupagem fílmica do documentário curta-metragem Príncipe do Fogo (Brasil, 1984) dirigido pelo cineasta Silvio Da-Rin. Como a narrativa do documentário dialoga com outros registros e mitos a partir do caso Febrônio Índio do Brasil. Retrato de fragilidades do sistema manicomial brasileiro. O cinema como arte e ferramenta capazes de mitificar e desmitificar personagens ficcionais e reais a partir de construções narrativas que envolvem escolhas e por conseguintes renúncias estéticas.

​Integrante: Dranda. Amanda Tortato

Título: Narrativas de crime: Papst e Kindermann nos arquivos curitibanos e porto-alegrenses (1907-1940)

​Resumo: O fascínio da imprensa curitibana e porto-alegrense por dois criminosos estrangeiros, nas primeiras décadas do século XX, foi pano de fundo para pensar no contraponto entre modernidade e marginalidade; sistema prisional e segurança pública; polícia e justiça, trajetórias e imigração. Sob o aspecto teórico-metodológico da História Cultural e Social do Crime, a dissertação de mestrado “Um crime de duas cidades: as façanhas de Papst e Kindermann entre Curitiba e Porto Alegre”, defendida em 2020, buscou analisar tais questões mobilizando narrativas jurídicas, jornalísticas e ficcionais. A comunicação buscará debater a pesquisa realizada e os desafios e caminhos possíveis da historiografia do crime, da polícia e da justiça criminal através da mobilização de fontes variadas: arquivos judiciários e policiais, periódicos e literatura.

​​MESA 3 – ARTE E CIDADE (22/06/2023)

19h - 21h

Moderador: Matheus Perbiche

Integrante: Dra. Cristiane Silveira

Título: O Happening “Da criação”, ou, o ovo da discórdia na Curitiba lernista

​Resumo: Esta comunicação pretende iluminar o contexto de formação de uma política pública de cultura para as artes visuais na cidade de Curitiba, no início da década de 1970, durante a primeira gestão do prefeito Jaime Lerner – filiado ao partido que deu sustentação à ditadura militar brasileira, o Aliança Renovadora Nacional (Arena). A questão fundamental para a pesquisa seria investigar de que modo uma gestão alinhada com um regime autoritário, em seu período mais brutal, pós-AI-5, poderia investir na seara cultural, promovendo o fomento de certo modelo de política cultural na cidade. Diante desse pano de fundo complexo, apresentaremos o caso exemplar do happening “Da criação”, em que a imbricação entre arte, cultura e política mostra suas fissuras e arestas não polidas.

​Integrante: Mestrando Gabriel Forgati

Título: Um restauro, um painel, uma santa e uma basílica: o centenário da Catedral de Curitiba em meio aos 300 anos da cidade (1993)

​Resumo: Em 1993, a Catedral de Curitiba completou o centenário de inauguração do atual edifício; no mesmo ano, a cidade comemorou os 300 anos de sua fundação. Coordenando os festejos, o prefeito à época, Rafael Greca, operou e criou dispositivos legais que viabilizaram o segundo restauro da igreja; na ocasião, um painel alusivo à antiga Matriz foi instalado defronte o templo. No mesmo ano, além da Catedral ter sido “agraciada” com o título de Basílica Menor, uma honraria concedida pela Santa Sé, uma quarta imagem da padroeira, Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, foi inaugurada em uma coluna votiva nos arredores da igreja. A presente comunicação objetiva expor os eventos citados, alinhando-os às motivações sociopolíticas que transformaram um edifício privado como de interesse público, sendo isso, a princípio, justificado sob uma perspectiva de civismo municipal e valorização de tradições e memórias coletivas dominantes.

​Integrante: Mestrando Renan Archer

Título: No contrafluxo do esquecimento: a arte como plataforma para a memória da cidade

​Resumo: O espaço público é como um gabinete de memórias. Em cada esquina, se debruça sobre si mesmo, afirmando narrativas que buscam convencer e afirmar que alguma coisa é importante o suficiente para representar quem nele vive e circula. Monumentos urbanos costumam ser erguidos e preservados por esses motivos. Mas, e quando a memória não é mais bem recebida? Quando uma história precisa ser lembrada apenas para evitar sua repetição? A arte contemporânea encontrou formas inventivas de responder essas dúvidas, demonstrando que o espaço público também pode atuar como plataforma de mobilização. Sua força de reflexão e sensibilização é uma resposta possível contra a tendência ao esquecimento frente a um mundo povoado por imagens e informações infinitas. 

SEXTA-FEIRA - TARDE E NOITE

MESA 4 – AUDIOVISUAL E NARRATIVAS DE IDENTIDADES (23/06/2023)

14h - 16h

Moderador: Vinícius Franqueto

Integrante: Dra. Maytê Regina Vieira

Título: “Comecei a acreditar que éramos os únicos”: a renovação da narrativa vampírica no cinema - um olhar sobre Entrevista com o vampiro (1994)

​Resumo: O vampiro, como vários dos monstros cinematográficos, geralmente metaforiza grupos marginalizados e momentos de angústia sócio-histórica, como na década de 1990 em que a erupção da epidemia de AIDS e suas consequências pode ser mapeada nas produções do gênero terror. É possível apontar essas discussões no filme Entrevista com o vampiro (1994) e, ainda mais perceptível em Drácula (1992).

​Integrante: Ms. Luce Catalá

Título: O duplo na telenovela Selva de Pedra, de Janete Clair

​Resumo: A pesquisa desenvolvida junto à AMENA voltou-se para a figuração do tema do duplo na telenovela Selva de Pedra, de Janete Clair (1972-1973), como via para a compreensão tanto das transformações de linguagem ocorridas na década de 1970, que permitiram com que a telenovela se tornasse o programa de maior audiência da televisão, quanto da eficácia simbólica do duplo enquanto elemento narrativo que produz significados a partir do jogo com a identidade, ao articular-se com os fundamentos culturais da questão identitária, e especificamente com o projeto de modernização da ditadura civil-militar, da qual a modernização televisiva fazia parte.

​Integrante: Mestrando Gabriel Siqueira

Título: O reposicionamento da imagem da periferia na memória pelo Cinema de quebradas (2019-2020)

​Resumo: O cinema, como arma de encapsular corpos e narrativas subalternas, experimenta na História recente o caráter responsivo, ético, político, estético e pedagógico que a autoimagem da(o) outra(o) instalou pela subversão do que antes era técnica de domínio colonial na memória do Brasil. O arquivo das famílias das quebradas que constantemente vem sendo utilizado como substância para fabular e ficcionar a vida em filmes por realizadoras(es) periféricos, arquivo que passa e passou pelo constante perigo do incêndio, pelo esquecimento, pelo risco de ser atirado ao silêncio, é uma prova de que o colonialismo não venceu e que pela dignidade foi se encontrando maneiras de resgatar uma humanidade roubada pelo trauma e pela morte – através dessa apropriação e transbordar do que antes servia como ferramenta branca de captura. Dessa forma, nessa comunicação se propõe identificar intenções e diálogos no que se entende por Cinema de Quebradas, através de leituras realizadas a partir dos filmes Fartura (2019) de Yasmim Thayná e Filme de Domingo (2020) de Lincoln Péricles. 

MESA 5 – MÍDIAS, HISTÓRIA E POLÍTICA (23/06/2023)

16h30 - 18h30

Moderador: Ricardo Netto

Integrante: Dranda. Inajara Barbosa

Título: A blitz animada: o uso dos desenhos animados da Warner Bros. na Segunda Guerra Mundial (1942-1945)

​Resumo: A presente comunicação tem como objetivo uma análise do uso das animações produzidas pela Warner Bros., entre os anos de 1942 e 1945. É notório que nas produções hollywoodianas do período da Segunda Guerra, onde estes desenhos estão inseridos, havia um empenho na construção imagética dos inimigos americanos: os nazistas e os japoneses. Enquanto havia um forte tom racial para a representação pictórica do japonês, transformando qualquer um de origem nipônica em inimigo da “América”, mesmo nascido em solo americano, o mesmo não se deu para com os nazistas, onde há uma preocupação em destacar e demonizar as figuras dos líderes, como Adolf Hitler, Göring e Göbbels. Essas duas formas de apresentar seus inimigos reforçava uma ideia de que haviam duas guerras a serem combatidas: uma ideológica e uma racial, e nesse contexto, os cabe aos Estados Unidos o protagonismo para a vitória no conflito.

​Integrante: Dranda. Juliana Santos de Matos

Título: O processo de construção da imagem dos presidenciáveis na redemocratização do Brasil: uma análise do jornal Voz da unidade (1985-1990) 

​Resumo: No período de transição democrática ocorrido no Brasil na década de 1980 o Partido Comunista Brasileiro (PCB) luta pela sua legalização e procura se inserir cada vez mais na disputa política nacional. Nessa comunicação discutiremos de que maneira seu veículo oficial de imprensa, o jornal Voz da Unidade, constrói, entre os anos de 1985 e 1990, representações dos políticos que concorreram à presidência da República em 1989, tendo em vista que o partido, já legalizado no período da eleição, lança seu próprio candidato e que, durante o segundo turno eleitoral, passa a apoiar o PT o candidato Lula.

​Integrante: Mestrando Marcos Manoel Jr.

Título: Les croix sur le Chemin des Dames: História, ficção e verdade na narrativa de Valiant Hearts - The Great War 

​Resumo: Esta comunicação demonstra um modo como a História pode se utilizar de narrativas ficcionais na produção de seu discurso, tendo como objeto uma fonte de uso recente nos estudos históricos: os jogos eletrônicos. A construção das narrativas lúdicas e interativas presentes nos jogos eletrônicos são uma excelente forma de entendimento das representações do imaginário social, além de servirem como objeto de estudo das recepções da História por um público não acadêmico. Para tanto, utilizarei para a análise um trecho da narrativa do jogo Valiant Hearts – The Great War. O objetivo é verificar como ocorreu a construção sobre um dos acontecimentos da Primeira Guerra Mundial em um ambiente virtual simulado, a partir de uma perspectiva específica dos desenvolvedores e do conteúdo lúdico com significativo alcance de público.

LANÇAMENTO DE PUBLICAÇÕES (23/06/2023)

18h30 - 20h - Sexta - Noite

Moderadora: Aline Paternes

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